sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Herança maldita




O acidente nuclear de Chernobyl vai completar 24 anos em abril. Foi em 1986 que a usina nuclear, localizada na Ucrânia, apresentou ao mundo os perigos da energia nuclear.

O fotógrafo Paul Fusco da Magnum esteve lá e fez algumas fotografias chocantes da vida das crianças que nasceram vítimas da radiação. As fotos foram juntadas em um vídeo narrado pelo próprio fotógrafo. Eu traduzi alí embaixo o texto da narrativa e reproduzi algumas fotos alí em cima. Mas recomendo que quem tiver alguns minutos para assistir o vídeo assista.

O que aconteceu em Chernobyl não deve ser esquecido. A energia nuclear pode ter alguns benefícios em relação a geração de energia tradicional, mas os danos em caso de acidente são milhares de vezes pior.

O texto abaixo serve de narrativa (pelo próprio Paul Fusco) para esse vídeo. O vídeo lá de baixo mostra algumas das fotos do vídeo original, mas com narração diferente. Acho que os dois podem ser vistos sem problema algum pois eles se complementam. Serão 5 minutos de nossas vidas em que poderemos ter uma pequena idéia dos riscos da energia nuclear.

“Algum cara cometeu um erro. Apertou o botão errado na hora errada. E em 20 segundos não era mais possível pará-lo.

Milhares e milhares de toneladas de material radioativo foram expelidos no ar, apanhados em uma enorme tempestade e começaram a mover-se através do país.

Setenta por cento desse material radioativo caiu na Bielorrússia. O reator não era deles.

As primeiras pessoas a aparecerem foram duas companhias de bombeiros.

Fusco, citando o sobrevivente Ivan Shavre: “Eu acordei em um hospital em Moscow. De início nós gracejamos sobre a radiação. Então nós ouvimos que um camarada começou a sangrar pelo nariz e pela boca. E seu corpo ficou preto. E morreu.”

Onde quer que exista radiação, as pessoas vivem com ela. Comem-na em seu alimento. Bebem-na em sua água.

Os garotos em Novinki que tem problemas, são diagnosticados e categorizados… A, B, C, D.

D, é sem esperança, eles nunca vão ser seres humanos reais. Nunca vão ter muito. Todos vão a Novinki.

E, uma vez que estejam lá, se sobreviverem e viverem, serão enviados ao asilo principal.

Era como se uma raça diferente estivesse sendo criada, pois eles parecem humanos, mas todos obviamente tinham problemas.

Alesya era uma menina quando foi diagnosticada com câncer. Tinha sido exposta à radiação quando era muito pequena, com mais ou menos 2 anos, quando começou a correr para brincar.

E nesse dia a chuva era escura e oleosa e ficou conhecida como a chuva negra de Chernobyl. Nove anos depois ela estava com leucemia.

Eu me encontrei com ela no hospital quando ela tinha dezesseis. Esta garota de dezesseis anos era muito bonita. Eu voltei no dia seguinte e Alesya estava em coma. E seus pais estavam devastados. Era um dia terrível para se ver uma mãe perder sua filha.

Antes de começar a tirar fotografias eu perguntei se não tinha problema. E sua resposta foi, “sim, nós queremos que todos saibam o que eles fizeram”.

O horror que foi aquilo, nós não podemos nem mesmo ousar pensar que possa acontecer novamente.

Todos dizem que nunca acontecerá. Pois é, nós sempre falamos isso, nunca acontecerá, mas tudo que nós humanos fazemos quebra. Tudo quebra. Tudo se desgasta.”

..........................................................................................................................................................................

Esse Ctrl C + Ctrl V foi necessário. Assista o video no link abaixo.

Fonte:

http://www.dudutomaselli.com/as-criancas-de-chernobyl/

Nenhum comentário:

Postar um comentário